E-Trol ou Bateria Pura? Protótipo do BRT ABC volta pra Caio e ganha modificações

Por enquanto, tudo reside no campo das suposições. Sem nota oficial da Eletra ou Next Mobilidade, imagens flagradas na fábrica da Caio Induscar sugerem uma alteração importante no modelo

Adeus às Alavancas?

Imagens recentes que circulam nos bastidores do setor de transporte mostram o veículo, agora tratado como protótipo do BRT ABC — um superarticulado do modelo e-Millennium — passando por modificações significativas na linha de produção da Caio. Segundo relatos de internautas e observadores atentos, o modelo estaria recebendo a instalação de portas do lado direito.

Essa alteração física é o primeiro indício de que o protótipo do BRT ABC deve operar dentro do Corredor ABD, o que levanta a forte possibilidade de ele vir a somar na frota de veículos que operam na linha 376 (Diadema – Brooklin), conectando o ABC à zona sul da capital.

A Reversão:

Tudo indica que o modelo teve suas alavancas coletoras removidas, configurando uma reversão tecnológica do sistema e-Trol (IMC – In Motion Charging) para o sistema de Bateria Pura (BEB).

O Paradoxo Tecnológico: Desperdiçando a Infraestrutura? A decisão, se confirmada, carrega uma ironia técnica. O conceito e-Trol é vendido pelo mercado e pela própria fabricante como uma tecnologia versátil, desenhada para aproveitar a infraestrutura existente e reduzir o “peso morto” das baterias.

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Não deixa de ser curioso que uma tecnologia feita para ser flexível esteja, supostamente, sendo descartada em uma operação que tem o cenário perfeito para absorvê-la. Considerando a infraestrutura disponível, o veículo não precisaria depender exclusivamente de carregadores externos (plug-in CCS) na garagem.

Em um cenário ideal de uso do e-Trol, o veículo poderia utilizar a rede aérea já instalada no Terminal Diadema ou no trecho da linha 289 (Jabaquara) para realizar “picos de carregamento” (recarga de oportunidade). Uma simples viagem de ida e volta ao Jabaquara seria suficiente para recarregar as baterias através das alavancas, garantindo autonomia para o trecho desprovido de rede até a Berrini, sem o “tempo morto” parado em um plugue.

Credibilidade em Xeque e o “Delay” da Confiança:

Operacionalmente, a decisão pela Bateria Pura no protótipo do BRT ABC pode fazer sentido para simplificar a logística imediata da empresa no eixo Berrini. Contudo, a estratégia expõe contradições no discurso corporativo.

É no mínimo hipócrita que, enquanto em diversas entrevistas e apresentações o grupo empresarial exalte o trólebus com carregamento em movimento (IMC) como uma solução mais barata e eficiente, dentro da própria operação essa tecnologia pareça ser tratada como o “patinho feio”.

Além disso, há uma ironia temporal que não passa despercebida. Chega a ser curioso que, somente agora — cerca de cinco ou seis anos após o lançamento da tecnologia eBus no mercado — o grupo tenha demonstrado confiança suficiente para internalizar essa tecnologia em sua própria operação. Esse movimento tardio de “validar em casa” o que já se vende para fora é evidenciado pela recente conversão do veículo 8160 do Corredor ABD e, agora, pelas modificações neste protótipo do BRT ABC.

Posicionamento

Por fim, procurada por nossa reportagem para comentar as alterações técnicas e a estratégia por trás do veículo, a comunicação da fabricante optou, até o fechamento desta matéria, por não esclarecer nenhum dos pontos levantados, perdendo a oportunidade de trazer maior transparência ao processo. O portal segue aguardando um posicionamento oficial e mantém o espaço aberto para futuros esclarecimentos.

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