
Após sete anos, concessionária desiste do contrato em meio a investigações e apreensões de veículos. Cenário repete crise de 2018 e traz nova empresa do interior paulista para o litoral.
A Ação Transportes e Turismo, que operava o sistema municipal de Mongaguá desde maio de 2018, oficializou sua desistência da operação. O movimento abre caminho para a chegada imediata da Translocave, empresa com sede em Valinhos (SP) e operações recentes em cidades como Itapira e Lucas do Rio Verde (MT), que assume o desafio de modernizar uma frota sucateada e reconquistar a confiança do usuário.
Crise Financeira e Operacional
A saída da Ação Transportes não ocorre em um vácuo. Ela é o desfecho de meses de tensão entre a operadora e o Poder Público. Em setembro deste ano, uma fiscalização rigorosa realizada pela Semutran (Serviço Municipal de Trânsito) resultou na apreensão de oito ônibus da empresa.
Os motivos listados pelos fiscais expuseram a precariedade do serviço: pneus carecas, elevadores de acessibilidade inoperantes, assentos soltos e até motoristas com exames toxicológicos vencidos.
Nos bastidores, a disputa era financeira. A empresa alegava um “passivo orçamentário vultoso” gerado pelo congelamento da tarifa, que ficou seis anos sem reajustes significativos. Mesmo com o aumento tardio da passagem para R$ 4,30 em novembro de 2025 , a equação não fechou. A instauração de uma Comissão Especial de Inquérito (CEI) na Câmara e na Prefeitura para investigar os contratos de transporte e escolar foi a gota d’água para a decisão de retirada.

A Chegada da Translocave
Para preencher o vazio deixado pela Ação, a Prefeitura recorreu à Translocave, uma empresa que vem expandindo sua atuação no interior paulista e no Centro-Oeste.
Em operações recentes, como a iniciada em Itapira (SP) em 2023 e a vitória na licitação de Lucas do Rio Verde (MT) para 2025, a Translocave apostou em frotas renovadas, incluindo veículos com tecnologia Euro 6 (menos poluentes) e idade média baixa. A expectativa em Mongaguá é que esse padrão seja replicado, introduzindo confortos há muito tempo exigidos pela população, como Wi-Fi e ar-condicionado, itens essenciais para uma cidade turística.
Como circula nas redes sociais e entre entusiastas do setor, o sentimento é de renovação:
“O ciclo da Ação se encerra e abre espaço para uma nova era. Agora, a Translocave tem a chance de transformar o transporte coletivo de Mongaguá com inovação, modernidade e tecnologia. Depois de tanto tempo, enfim, algo novo chega à nossa querida cidade.”

Um Paralelo Histórico: A História se Repete?
Para quem acompanha o transporte na Baixada Santista, o cenário atual traz uma sensação de déjà vu. Em maio de 2018, Mongaguá vivia uma crise idêntica com o colapso da Viação Beira Mar, que operou na cidade por quase 30 anos.
Naquela época, a Beira Mar foi descredenciada após greves constantes e operar com ônibus em péssimo estado. A Ação Transportes entrou, então, como a “salvadora” via contrato emergencial, prometendo regularizar o serviço. Sete anos depois, a “solução” de 2018 sai pela mesma porta dos fundos que sua antecessora, citando desequilíbrio financeiro e deixando para trás uma frota degradada, mesmo após tentar uma tímida renovação de frota com veículos zero km e alguns semi-novos com ar condicionado no ultimo ano.
A Translocave assume agora com o desafio de não apenas colocar ônibus novos na rua, mas de quebrar esse ciclo vicioso de contratos emergenciais e deterioração que assombra Mongaguá há quase uma década.
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