
A Paraty Mobilidade, responsável pelo transporte coletivo em Araraquara e também pelo transporte escolar em diversas cidades da região, enfrenta uma onda crescente de furtos que tem comprometido a operação e pesado no caixa da empresa. Somente em 2025, os prejuízos já somam aproximadamente R$ 294 mil, sem que haja solução efetiva por parte das autoridades.
De acordo com informações da própria empresa, 32 ônibus foram alvo de criminosos neste ano, com maior concentração de casos na região norte da cidade. Os furtos envolvem principalmente peças de alto valor, como painéis, módulos eletrônicos, tacógrafos e baterias — itens de difícil reposição rápida.
“O painel do veículo, o módulo de controle eletrônico e o tacógrafo são os principais alvos. São peças sensíveis, caras e que comprometem diretamente a operação”, explicou Hilton Donizete Pinheiro, gerente operacional da Paraty.
Os ataques costumam ocorrer durante a madrugada, tanto em ônibus estacionados em vias públicas quanto dentro do próprio pátio da empresa. A advogada da operadora, Flávia Dantas, relata que a situação se agravou mesmo após medidas de proteção.
“Começaram nas ruas. Depois, nós começamos a recolher os ônibus e eles vieram para o pátio da empresa”, afirmou.
Reflexos diretos para os passageiros


O impacto dos furtos vai além dos danos financeiros: a população que depende do transporte público sente os efeitos na rotina. A indisponibilidade de veículos tem provocado atrasos, cancelamentos e compromissos perdidos.
“Em uma das ondas de furtos, chegamos a ter sete ônibus fora de circulação ao mesmo tempo. Isso compromete o atendimento da linha e nos obriga a recorrer à frota reserva, que nem sempre dá conta da demanda”, disse Pinheiro.
Para tentar reduzir os transtornos, a Paraty reforçou a equipe de manutenção e ampliou o número de veículos de reserva. Ainda assim, os custos extras se somam ao prejuízo causado pelos crimes.
Motoristas também sofrem com insegurança
Parte da frota costuma ser levada para as casas dos motoristas, o que também virou alvo dos criminosos. O condutor Diogo, por exemplo, sofreu dois furtos no ônibus que dirigia, estacionado em frente à sua residência.
“Eu vi o indivíduo, ele já se levantou com um objeto na mão, não sei se era faca ou chave de fenda, pulou fora do ônibus e saiu correndo. Da segunda vez, acordei para trabalhar e o painel já estava levantado, tinham levado tudo sem deixar rastros”, contou.
Crimes recorrentes desde 2021
A onda de furtos não é novidade. Segundo a empresa, os crimes começaram a se intensificar a partir do segundo semestre de 2021. Só nos primeiros quatro meses de 2022, foram 14 boletins de ocorrência registrados, com veículos danificados e parados por vários dias.
Três anos depois, a situação persiste sem solução definitiva. Enquanto isso, a Paraty e a população seguem arcando com os prejuízos e com a instabilidade do sistema de transporte urbano.
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