AMEP apresenta na Arena ANTP o primeiro trem sem trilhos do Brasil

Projeto-piloto entre Piraquara e Pinhais marca nova era para o transporte metropolitano de Curitiba

Durante a Arena ANTP 2025, a Agência de Assuntos Metropolitanos do Paraná (AMEP) apresentou detalhes do projeto-piloto do DRT (Digital Rail Transit) — um trem sobre pneus guiado por indução magnética, tecnologia de ponta desenvolvida pela fabricante chinesa CRRC.
O sistema, inédito na América Latina, será testado em um trecho entre Piraquara e Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba, com início previsto para as próximas semanas.

Transporte guiado por imãs e tecnologia autônoma

O veículo, conhecido popularmente como “trem elétrico guiado”, utiliza sensores magnéticos instalados sob o asfalto, permitindo a condução automática sem trilhos convencionais.
De acordo com Joacir da Silva Rodrigues, Coordenador de Região Metropolitana da AMEP, o sistema foi projetado para operar de forma teleguiada, a partir da leitura magnética feita por sensores instalados na parte inferior do veículo.

“O DRT é totalmente teleguiado. Os sensores reconhecem o campo magnético criado pelos imãs instalados sob o pavimento e conduzem o trajeto com precisão. Nesta primeira fase, teremos um operador a bordo por segurança, mas o objetivo é alcançar a operação autônoma”, explicou Rodrigues.

A tecnologia permite que o veículo opere com altíssima precisão de trajeto, dispensando trilhos, catenárias ou sistemas caros de controle de via.
A velocidade máxima do DRT é de 70 km/h, com capacidade para até 300 passageiros, superando os tradicionais biarticulados curitibanos em eficiência e conforto.

Teste controlado e operação gradual

O teste inicial será em ambiente controlado, sem passageiros, entre os municípios de Piraquara e Pinhais. O trajeto de aproximadamente 10 quilômetros será percorrido ponta a ponta, com paradas apenas nos terminais.
Durante as paradas, o veículo contará com sistema de recarga ultrarrápida, que permite o reabastecimento total das baterias em poucos minutos.

“Nosso objetivo é avaliar autonomia, desempenho e tempo de recarga. O veículo percorre cerca de 25 a 30 quilômetros por ciclo e realiza a recarga completa no terminal antes de retomar a operação”, detalhou o coordenador.

A fase experimental terá duração de seis meses, e os resultados técnicos e operacionais determinarão os próximos passos para ampliação do modal.

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Inovação com baixo custo e alta eficiência

Um dos principais diferenciais do DRT é o baixo custo de implantação.
Segundo a AMEP, o novo modal custa até três vezes menos que um VLT (Veículo Leve sobre Trilhos), já que dispensa a instalação de trilhos e utiliza infraestrutura viária existente, adaptada apenas com camada asfáltica especial e imãs de guia.

“Estamos falando de um sistema que combina eficiência, sustentabilidade e economia. Ele pode ser implantado em locais onde o custo de um trilho convencional inviabilizaria o projeto”, ressaltou Rodrigues.

Além do menor custo, o DRT é 100% elétrico e silencioso, contribuindo para a redução de emissões e poluição sonora nas áreas urbanas.

Design e experiência do passageiro

Internamente, o DRT possui um layout semelhante ao de um trem ou metrô, com piso totalmente baixo, facilitando o acesso universal e a acessibilidade — uma novidade em relação à frota de piso alto predominante em Curitiba.
O conforto térmico, o espaço interno amplo e o ambiente silencioso prometem elevar o padrão do transporte coletivo metropolitano.

Durante a fase de testes com passageiros, prevista para o segundo semestre de 2026, o público poderá experimentar o novo modal em horários controlados, com acompanhamento técnico da AMEP.

Tecnologia global, pioneirismo brasileiro

O Digital Rail Transit (DRT) é uma tecnologia já consolidada em diversas cidades da China, além de experiências recentes na Austrália e México.
O Paraná será o primeiro estado da América Latina a aplicar o sistema em escala real, consolidando o Brasil como referência em inovação em mobilidade urbana.

O veículo utilizado no projeto-piloto é idêntico às composições chinesas e foi personalizado com o brasão oficial do Estado do Paraná, simbolizando o pioneirismo da iniciativa.

Complementar ao sistema BRT de Curitiba

Rodrigues destacou que o novo modal não pretende substituir o consagrado sistema BRT curitibano, mas sim atuar de forma complementar, especialmente em corredores metropolitanos.

“O DRT não vem para substituir o BRT, mas para complementar a rede, criando conexões rápidas e sustentáveis entre municípios da região metropolitana”, afirmou o coordenador.

Outros projetos: VLT Curitiba–Aeroporto Afonso Pena

Além do DRT, a AMEP também conduz o projeto do VLT (Veículo Leve sobre Trilhos) que ligará Curitiba ao Aeroporto Internacional Afonso Pena, em São José dos Pinhais.
Com 22,8 km de extensão e 27 paradas, o sistema prevê transporte diário de até 160 mil passageiros, integrando os principais polos urbanos e turísticos da região.

Sobre a AMEP

Criada a partir da antiga Comec, a AMEP – Agência de Assuntos Metropolitanos do Paraná passou a atuar em todas as regiões metropolitanas do estado, com foco em planejamento urbano, transporte, meio ambiente e desenvolvimento regional.
A agência é responsável por coordenar projetos estratégicos de mobilidade e aproximar os municípios das políticas públicas estaduais.

O futuro da mobilidade metropolitana

O início dos testes do DRT representa um marco na história da mobilidade brasileira.
Com tecnologia limpa, operação inteligente e infraestrutura econômica, o Paraná se consolida como referência nacional em inovação e sustentabilidade no transporte coletivo.

“Estamos mostrando que o Brasil pode estar na vanguarda da mobilidade elétrica e autônoma, com soluções que unem eficiência, tecnologia e cuidado com o meio ambiente”, concluiu Joacir da Silva Rodrigues, da AMEP.

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