
O transporte público de Santa Bárbara d’Oeste, na Região Metropolitana de Campinas, vive um momento crítico desde o início deste mês, após a retirada de 11 ônibus das linhas municipais operadas pela Nova Via Transportes e Serviços. O episódio intensificou um conflito que se arrasta desde o primeiro semestre, com a empresa alegando desequilíbrio econômico-financeiro no contrato firmado com a Prefeitura.
O Portal Notícias do Transporte vem acompanhando o caso e entrou em contato tanto com a Prefeitura de Santa Bárbara d’Oeste quanto com a Nova Via para esclarecer a situação. Até o fechamento desta matéria, somente a Prefeitura enviou resposta oficial. A empresa não retornou aos contatos e o espaço permanece aberto para posterior manifestação.
Prefeitura afirma que foi “surpreendida” e que serviço essencial foi prejudicado
Segundo o Executivo municipal, a retirada dos veículos ocorreu sem aviso prévio, levando à diminuição imediata da oferta de viagens e prejudicando milhares de usuários.
A seguir, a nota oficial na íntegra, enviada pela Prefeitura de Santa Bárbara d’Oeste, na manhã desta segunda-feira (8):
“A Prefeitura informa que foi surpreendida com a paralisação parcial do transporte público na segunda-feira (1º), com a retirada de circulação de 11 veículos, afetando diretamente milhares de usuários, sem qualquer formalização por parte da empresa Nova Via.
Sem a retomada de forma integral, conforme consta no contrato vigente, o Município não teve alternativa, senão acionar a justiça e obteve a liminar, visando garantir a prestação do serviço essencial de transporte público à população.
Ressalte-se que no último mês de julho o Município efetuou o reajuste da tarifa de ônibus, respeitando as tratativas junto à empresa, zelando pela manutenção do serviço de qualidade aos barbarenses e mantendo os repasses referentes ao contrato rigorosamente em dia. Desta forma, aguarda o cumprimento da decisão judicial por parte da empresa e a retomada integral do serviço.”
Disputa gira em torno do valor da tarifa e da viabilidade econômica do contrato

O reajuste mencionado pela Prefeitura elevou a tarifa para R$ 5,90, valor vigente desde 15 de junho de 2025. A administração municipal afirma que o aumento foi fruto de tratativas com a concessionária e que todos os repasses contratuais estão em dia.
A Nova Via, por outro lado, sustenta em documentos judiciais que o valor não cobre os custos operacionais do sistema. A empresa afirma que a tarifa necessária para o equilíbrio contratual seria de R$ 10,75, quase o dobro da atualmente praticada, sendo uma parte coberta pela prefeitura e a outra pelo passageiro. Alega ainda dificuldades para arcar com despesas de locação de parte da frota, além de insuficiência dos repasses referentes às gratuidades, especialmente no transporte de idosos.
Em meio ao impasse, a concessionária protocolou pedido de rescisão contratual, alegando inviabilidade econômica.
Justiça determina retomada integral do serviço
Com a interrupção parcial das linhas, a Prefeitura acionou a Justiça e conseguiu uma liminar determinando a volta imediata de todos os ônibus às ruas. A decisão prevê multa diária caso a empresa descumpra a determinação.
A administração municipal reforça que considera o transporte coletivo um serviço essencial, o que motivou a adoção de medidas emergenciais para restabelecer a operação.
Câmara de Vereadores cobra explicações
O caso também chegou ao Legislativo. Vereadores protocolaram requerimentos cobrando esclarecimentos sobre linhas que deixaram de operar e sobre impactos diretos em bairros como Beira Rio, Santo Antônio do Sapezeiro, Santa Rita de Cássia e São Fernando, onde passageiros relataram longas esperas, superlotação e atrasos.
Situação segue instável e usuários permanecem prejudicados
O cenário continua incerto, com forte impacto sobre trabalhadores, estudantes e pacientes que dependem diariamente das linhas municipais. A Prefeitura afirma estar pronta para adotar novas medidas caso a empresa não cumpra integralmente a decisão da Justiça.
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