
A proposta de implantar a Tarifa Zero no transporte coletivo municipal de Santo André voltou ao centro do debate público. Em plenária realizada na Câmara Municipal, articulada pelo vereador Clóvis Girardi (PT), especialistas, parlamentares e representantes da sociedade civil discutiram caminhos possíveis para custear um sistema de ônibus totalmente gratuito para o usuário.
As informações desta matéria sobre a pauta “Tarifa Zero em Santo André” foram obtidas com base na reportagem publicada pelo Diário do Grande ABC. Confira a íntegra em: dgabc.com.br/Noticia/4217127
Segundo informações publicadas pelo Diário do Grande ABC, cerca de 50 pessoas acompanharam a reunião, que apresentou um esboço do estudo técnico em andamento para avaliar a viabilidade econômica da medida. Estima-se que o custo anual para manter o sistema gratuito fique entre R$ 300 milhões e R$ 350 milhões — valor hoje arcado em grande parte pelos passageiros, que pagam tarifa de R$ 5,90 por viagem.
Convergência política e apoio institucional
Durante a plenária, Girardi destacou que o presidente da Câmara, Carlos Ferreira (MDB), já havia protocolado em 2023 um projeto de lei que trata da gratuidade no transporte municipal. “Temos ideologias distintas, mas uma pauta convergente que nos aproxima”, afirmou o vereador, em declaração registrada pelo DGABC.
Ele também afirmou que o prefeito Gilvan Júnior (PSDB) se mostrou receptivo à discussão, o que pode facilitar o avanço da proposta.
Impacto ambiental e social no centro do debate
O deputado estadual Mário Maurici (PT) também participou do encontro e destacou que a Tarifa Zero pode ter efeitos positivos para o meio ambiente e para a saúde pública. “Nunca se poluiu tanto. Estamos agredindo muito o meio ambiente. Isso tem um custo, e a conta vem”, disse ele ao Diário do Grande ABC.
Maurici ressaltou ainda que a ausência de tarifa pode reduzir o abandono de tratamentos médicos por parte de pacientes que não têm como pagar a passagem. Para viabilizar a medida, o deputado defende que a conta não seja paga exclusivamente pelo poder público. “Quem tem de pagar a conta é o transporte individual”, afirmou.
Estudo técnico propõe mudança de visão: de custo para investimento
Responsável pelo estudo apresentado durante a plenária, o cientista político e pesquisador Giancarlo Gama, especialista em sustentabilidade urbana, reforçou que a Tarifa Zero deve ser vista como investimento público. “A gratuidade gera empregos, fomenta o comércio, reduz o efeito estufa e aumenta a arrecadação de impostos”, declarou ao Diário.
Gama também sugeriu que a remuneração das empresas de transporte passe a ser feita com base em quilômetro rodado, e não por número de passageiros, como forma de ampliar a cobertura em regiões periféricas e evitar a concentração de frota apenas nos corredores de maior demanda.
Segundo ele, municípios que já adotaram a gratuidade gastam, em média, 0,90% de seus orçamentos anuais com a medida — o equivalente a R$ 0,12 por habitante por dia. Em cidades com mais de 500 mil habitantes, como Santo André, será necessário estudar fontes adicionais de financiamento para garantir o equilíbrio financeiro do sistema.
Região observa experiências e avança no debate
De acordo com levantamento citado pelo Diário do Grande ABC, dos 5.569 municípios brasileiros, apenas 127 oferecem transporte gratuito em caráter permanente. No Grande ABC, São Caetano do Sul é o único que já implantou a Tarifa Zero – confira matéria publicada em todos os dias da semana.
Prefeitura anuncia frota nova com wi-fi e ar-condicionado
Como parte de um amplo plano de modernização do transporte coletivo em Santo André, o prefeito Gilvan Junior (PSDB) anunciou um investimento de R$ 255 milhões até 2028. A iniciativa prevê a aquisição de 200 ônibus zero quilômetro, todos equipados com wi-fi, entradas USB, ar-condicionado e sistema de bilhetagem eletrônica, com o objetivo de oferecer mais conforto e tecnologia aos usuários. Segundo o gestor, 26 novos coletivos já estarão circulando na cidade até maio deste ano, e outros 35 veículos devem ser incorporados à frota ainda em 2025, marcando o início de uma transformação gradual no sistema de mobilidade urbana do município.
Atualmente, o sistema municipal é operado por duas frentes. A principal delas é o Consórcio União Santo André, que conta com uma frota total de 232 ônibus, distribuídos entre quatro empresas nas seguintes bases operacionais:
- Base Operacional 01: Viação Guaianazes, com 115 ônibus, e Viação Curuçá, com 17 ônibus;
- Base Operacional 02: Viação Vaz, com 57 ônibus;
- Base Operacional 04: ETURSA (Empresa de Transporte Rodoviário de Santo André), com 43 ônibus.
Já a operação do transporte coletivo na região do Vila Luzita está sob responsabilidade da empresa Suzantur, que atua de forma emergencial desde 2016, com a base operacional 09. A frota é composta por 74 ônibus.
No quesito de frota climatizada, o Consórcio União Santo André já opera com 74 ônibus equipados com ar-condicionado, enquanto a Suzantur mantém 10 veículos climatizados. A meta da prefeitura, com os novos investimentos, é expandir esse número e tornar o sistema mais moderno e eficiente para todos os usuários.
Licitação do sistema Vila Luzita

O prefeito Gilvan Junior também confirmou que a aguardada licitação do sistema da Vila Luzita deve ser lançada ainda neste primeiro semestre de 2025. A proposta envolve a concessão do serviço de transporte por ônibus que conecta os bairros da região sul da Vila Luzita ao Centro de Santo André, funcionando por meio de um sistema tronco-alimentador. A iniciativa busca organizar melhor os fluxos de passageiros, reduzir o tempo de viagem e ampliar a integração entre os bairros e o eixo central da cidade, sendo parte fundamental do projeto de reestruturação da mobilidade urbana local.
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