Ônibus da concessionária Transwolff
A Prefeitura de São Paulo confirmou a substituição da concessionária Transwolff, investigada por suposta ligação com o crime organizado, pela Sancetur, empresa ligada à família Chedid. A informação foi apurada pelo UOL, que consultou a administração municipal sobre os detalhes da mudança. Apesar do anúncio, a transição ainda está em andamento e não foi concluída de forma definitiva. A expectativa era de que as transições das operações entre Transwolff para Sancetur e UPBus para Alfa Rodobus tivessem iniciado em 15/03, o que não ocorreu. – Conforme matéria publicada por este portal, clique aqui para relembrar.
Pronunciamento de Ricardo Nunes
O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, manifestou insatisfação com as concessionárias UPBus e Transwolff, afirmando que ambas não possuem mais condições de operar na cidade. Ele ressaltou que, caso as empresas não concordem em negociar a transferência de seus contratos para as sucessoras designadas — Sancetur e Alfa RodoBus —, poderá emitir um decreto municipal para encerrar os contratos, descredenciando-as por má prestação de serviços e suspeitas de envolvimento com o crime organizado.
Nunes enfatizou que, se as empresas insistirem em recorrer judicialmente, a prefeitura tomará medidas administrativas imediatas, incluindo a decretação da caducidade dos contratos e a realização de uma nova licitação para substituir as operadoras atuais.
A gestão municipal não esclareceu oficialmente como ocorreriam as tratativas entre as empresas, uma vez que a simples compra e venda das operações não seria suficiente. Ainda não há definição sobre a negociação da frota em operação. Além disso, os funcionários não receberam nenhum comunicado sobre a transição, nem se haverá uma transferência imediata.
Essa postura do prefeito ocorre em meio a investigações que apontam ligações das empresas com a facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC), levando à intervenção municipal nas operações das concessionárias desde abril de 2024.
A transferência da operação para a Sancetur ocorreu sem a realização de um processo de concorrência pública, o que levantou questionamentos sobre a transparência na escolha da nova concessionária. De acordo com o apurado pelo Uol, não houve chamamento público para que outras empresas manifestassem interesse no contrato.
Posicionamento da Transwolff
Em nota, a Transwolff afirmou que a eventual cessão de seus direitos contratuais ainda está em análise e que não há definições concretas até o momento. A empresa informou que acompanha o andamento do processo administrativo e avalia os caminhos cabíveis dentro da legalidade.
A concessionária destacou ainda que o caso depende de decisões do Poder Judiciário, que poderá se manifestar sobre os aspectos legais envolvidos na transição. Por fim, a Transwolff reafirmou seu compromisso com a continuidade do serviço de transporte público e a transparência de suas ações.
A mudança ocorre em meio a investigações e debates sobre o modelo de contratações emergenciais, além do impacto político na administração dos contratos do transporte público na capital paulista.
Quem é a Sancetur?
A Sancetur opera hoje em 21 cidades – confira detalhadamente acessando aqui e faz parte do Grupo SOU Transportes (Sistema de Ônibus Urbano), oficialmente representada por Luiz Arthur Abi Chedid. Ele também ocupa o cargo de presidente da AESP – Associação das Emissoras de Rádio e TV do Estado de São Paulo.
Luiz Arthur é filho de Marco Antonio Nassif Abi Chedid, conhecido como Marquinho Chedid, ex-vereador de Campinas e ex-deputado federal pelo MDB. Além da atuação política, Marquinho Chedid é o atual presidente do clube de futebol Red Bull Bragantino.
A família Chedid mantém forte influência política no interior de São Paulo. Luiz Arthur é primo dos prefeitos Edmir Chedid (União Brasil), de Bragança Paulista, e Elmir Chedid (União Brasil), de Serra Negra. Os irmãos Edmir e Elmir são filhos do empresário Jesus Chedid (União Brasil), ex-prefeito de Bragança Paulista, que faleceu em 2022. O Grupo Chedid, como é conhecido, reúne políticos ligados a partidos como União Brasil, MDB e Republicanos.
A equipe do Portal Notícias do Transporte entrou em contato com a Sancetur para um posicionamento oficial diante do processo de transferência das operações em São Paulo, entretanto, não houve uma resposta. Estamos à disposição para eventuais pronunciamentos.
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